A postagem do MTST com a imagem da crucificação de jesus cristo e a frase "bandido bom é bandido morto" obviamente não foi pensada pela pré-campanha de Guilherme Boulos, mas agora cabe a ele, ao pré-candidato a prefeito de SP, explicar a publicação.

Não sei se você viu, mas o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, nas redes sociais, publicou uma imagem com a crucificação de Jesus Cristo, o messias para os cristãos, e a frase "bandido bom é bandido morto", numa ilustração de Jota Camelo, um dos maiores chargistas do Brasil.

A charge não dá margem à outra interpretação: segundo a Bíblia, mesmo sendo o Messias, Cristo foi tratado como bandido e morto pelos romanos. Nos dias de hoje, seguindo o mantra que tem seu lugar na boca de muitos cristãos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, cristo seria morto, de novo.

Concordando ou não, essa é a leitura correta da charge. Qualquer outra, não tem valor.e

Mesmo assim, como o MTST é parte importante da vida política de Guilherme Boulos, a sua pré-campanha, que nada tem a ver com a publicação, está tendo de responder aos ataques que vêm do lado oposto, dos cristãos desconectados que não percebem como a própria experiência de fé tem sido instrumentalizada pelo o que se tem de pior na vida política brasileira.

Depois da publicação, vários adversários políticos de Boulos passaram a explorar o episódio como se o movimento tivesse atacado a fé cristã. Um dos que aproveitaram foi o prefeito Ricardo Nunes, que neste feriado religioso, ao invés de jogar buraco em casa, estava fazendo pré-campanha, ou campanha mesmo, em eventos tanto do segmento evangélico como do segmento católico.

Independente do que realmente pensa, para ganhar a eleição ou pelo menos disputar para valer, Boulos terá de recorrer ao chamado proselitismo religioso, ainda que nos seus termos e mesmo que não seja do seu feitio.

Para se tornar viável eleitoralmente, Boulos terá de pagar o preço caro de se aliar a quem explora a fé para propósitos políticos. Isto, se essas lideranças religiosas aceitarem.

O que não pode acontecer é a pré-campanha abrir mão desse terreno, o terreno das grandes raposas cuidando do galinheiro, ou lobos que conduzem as ovelhas, que promete ser determinante na disputa de outubro.